quarta-feira, 16 de junho de 2010

Frio e cuidados com a saúde

O dr. Abrão José Cury Jr, presidente da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, dá dicas de como enfrentar o frio e manter a saúde em dia.

• A tendência, nos dias frios, é ficar em locais com pouca ventilação e com muitas pessoas, o que aumenta a concentração de vírus e facilita a transmissão de doenças, especialmente a gripe. Além disso, o ambiente fechado pode piorar os casos de rinite e sinusite. A recomendação é abrir as janelas para arejar o ambiente e, se possível, evitar locais fechados e com aglomeração.

• No frio pode ocorrer aumento da poluição do ar e a soma de frio e poluição pode levar a alterações no sistema cardiovascular, incluindo elevação da pressão arterial. Pessoas hipertensas devem periodicamente visitar o médico.

• As pessoas também tendem, no frio, a comer mais e beber mais, principalmente bebidas alcoólicas, argumentando inclusive que isso ajuda a ‘esquentar’. O aumento no consumo de álcool pode levar a arritmias e à pressão alta, entre outras coisas. É preciso tomar cuidado e evitar os exageros.

• Outra recomendação é umidificar o ar, o que pode ser feito com aparelhos apropriados ou simplesmente colocando uma bacia com água no cômodo.

• O ar condicionado pode ser um local adequado para a proliferação de ácaros e bactérias, que causam reação alérgica. É importante manter a boa manutenção do aparelho.

• Crianças e idosos devem tomar a vacina para a gripe comum porque esta doença pode ter consequências graves para a saúde dessa população.

• Muitas pessoas sentem menos sede no frio, mas a hidratação, em qualquer temperatura, é uma importante aliada da boa saúde. Portanto, no frio, beba água.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A importância do screening de câncer para o cardiologista

“Screening de câncer é rastrear tumores que ainda não tiveram manifestações evidentes, ou que tiveram manifestações subvalorizadas pelo paciente e pelo médico”, explica o dr. Abrão José Cury Jr, médico pela formado pela Escola Paulista de Medicina, com residência em Cardiologia no Instituto Dante Pazzanese e especialização em Cardiologia e Clínica Médica. É membro do American College of Physicians. Acumula as funções de supervisor de Clínica Médica do Hospital do Coração, em São Paulo, diretor médico da Clinicordis São Judas Tadeu, e médico assistente da Universidade Federal de São Paulo na área de Clínica Médica. Também é fundador e presidente da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Clínica Médica e publicou diversos trabalhos científicos como autor e co-autor, além de participar de congressos, como palestrante, moderador e presidente de comissões.

A vida moderna e o aumento da sobrevida das pessoas, impulsionado inclusive pela evolução tecnológica da Medicina, são fatores que contribuem para o crescimento das neoplasias. A Cardiologia é uma das especialidades médicas que mais evoluiu nos últimos tempos, contribuindo de forma importante para o aumento da expectativa e da qualidade de vida das pessoas, e consequentemente para o crescimento das chances de um indivíduo desenvolver câncer ao longo dos anos.

“Além disso, é importante observar que as doenças cardíacas e o câncer têm fatores de risco comuns, em sua maioria ligados aos hábitos de vida, como estresse, depressão e tabagismo”, destaca o médico.

Por exemplo: dietas inadequadas, pobres em fibras, aumentam as chances do aumento do colesterol, fator de risco para doenças cardíacas, e predispõem ao desenvolvimento de tumor intestinal. O estresse, hoje reconhecidamente importante fator de risco para cardiopatias, também é fator de risco para depressão que leva as neoplasias. O hábito de fumar está associado às doenças cardíacas e é a principal causa de vários tipos de câncer, como pulmão e vias urinárias.

A coincidência de vários fatores de risco no desenvolvimento dessas doenças deve ser lembrada no consultório do cardiologista. Na anamnese, especialmente quando o paciente tem vários desses fatores, o cardiologista deve ficar atento à predisposição genética para neoplasias.

O rastreamento da doença pode ser feito pelo cardiologista ou pelo clínico geral, e o tratamento é de responsabilidade dos oncologistas. Mas, na opinião do dr. Abrão Cury, é indispensável o acompanhamento do cardiologista até porque algumas drogas podem ter interação com os medicamentos usados no tratamento das doenças cardiovasculares. Além disso, eventualmente, o resultado da quimioterapia e da radioterapia pode concorrer para o surgimento de complicações cardiovasculares.

Normalmente, os pacientes frequentam mais o consultório do cardiologista do que do oncologista, que em geral está relacionado a uma experiência traumática. Diante disso, hoje, os cardiologistas precisam conhecer bem a Oncologia porque cada vez mais terão em seu consultório pacientes com neoplasias e a tendência é que a família e o paciente, mais do que se consultar, se aconselhem com o cardiologista. “Além de tratar as complicações cardiovasculares, o cardiologista terá que ‘gerenciar’ a situação”, prevê o dr. Abrão Cury.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Colesterol: o que é isso

O dr. Abrão José Cury Jr, diretor da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, explica o colesterol.

Qual a importância de manter os níveis de colesterol normais?
O colesterol elevado é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, como Acidente Vascular Cerebral e Infarto. Portanto, para evitar essas doenças, que são a primeira causa de morte no Brasil, deve-se controlar os fatores de risco, como o colesterol elevado.

Por que o colesterol aumenta?
Há dois fatores determinantes na elevação do colesterol. Um é a alteração metabólica em função do excesso na produção intrínseca de colesterol e relacionada, muitas vezes, a fatores genéticos. Outro é erro alimentar: ingestão frequente e excessiva de alimentos ricos em colesterol, como carnes vermelhas, leite integral e seus derivados, e frutas do mar.

O que é colesterol bom e ruim?
Para que o colesterol seja transportado pelo sangue é revestido por uma camada de proteínas que forma a lipoproteína. Uma é a de alta densidade, ou o HDL-colesterol, ou colesterol bom, como é popularmente conhecida, e a lipoproteína de baixa densidade, ou o LDL-colesterol, ou mau colesterol.
HDL-colesterol - colesterol bom - lipoproteína de alta densidade: ter níveis elevados de HDL-colesterol pode ajudar a minimizar os riscos de doença coronária. Por outro lado, os níveis baixos podem aumentar o risco de doença cardíaca.
LDL-Colesterol - colesterol mau - lipoproteína de baixa densidade: em excesso deposita-se nas artérias e pode estar na origem de doenças cardíacas. Quanto maior for o nível de LDL, maior é o risco de doença cardíaca. Assim, ao diminuir os níveis de LDL-colesterol, diminui o risco de ataque cardíaco.

Qual a importância do colesterol para o organismo?
O colesterol é uma substância semelhante à gordura, transportado pelo sangue para todas as células do organismo, que necessita de colesterol para o desenvolvimento das paredes celulares, bem como para o desempenho de outras funções importantes. O colesterol é produzido pelo próprio organismo e também é oriundo dos alimentos consumidos. No organismo, é produzido pelo fígado. É este órgão que produz a maioria do colesterol necessário ao organismo. Alguns alimentos fornecem quantidades adicionais, como carnes vermelhas, leite gordo, queijos amarelos, manteiga e ovos. Enquanto certas quantidades de colesterol no sangue são essenciais para a saúde, quantidades elevadas podem ser prejudiciais. Com o tempo, o colesterol em excesso pode se depositar nas paredes das artérias.

Quando o índice de colesterol passa a ser preocupante?
O nível desejado de colesterol total (soma do HDL com o LDL) é menor do que 200 miligramas por decilitro de sangue.

Quais os riscos para quem tem colesterol alto?
O principal risco é desenvolver doenças cardíacas e a evolução da doença depende de cada indivíduo, de sua qualidade de vida e da presença de outros fatores de risco.

Como se prevenir contra os altos índices de colesterol?
A prevenção está diretamente relacionada à adoção de hábitos saudáveis.
EVITE: alimentos com altos teores de gordura trans, como doces, sorvetes e biscoitos; vísceras de animais, como miolo e miúdos; leite integral e derivados, como queijo amarelo e creme de leite; frios, como presunto e salame; peles de aves; gema de ovo; frutos do mar, como lagosta e camarão; alimentos vegetais, como óleo de dendê e coco.
FAÇA: atividade física; não fumar; manter o peso ideal; manter dieta balanceada; usar gorduras insaturadas, como castanhas, abacate e azeite de oliva; comer alimentos risco em fibras, como pão integral, frutas, verduras e cereais; e consultar o médico periodicamente para acompanhar a saúde e, neste caso, o colesterol.

Como tratar o colesterol elevado?
Em alguns casos, com a adoção dos hábitos saudáveis já é possível reduzir e controlar o nível de colesterol. Porém, alguns pacientes ainda terão que fazer usos de medicamentos e, hoje, se dispõem de muitos remédios altamente eficientes. De qualquer forma, trata-se de um conjunto de ações: hábitos saudáveis de vida e medicamentos. O sucesso de um depende do outro

Por que é tão importante a prática de exercícios físicos nestes pacientes?
A prática de exercícios pode alterar a produção das enzimas que controlam os níveis de gordura no sangue. A LPL, a enzima que destrói os triglicerídeos e aumenta os níveis de colesterol-HDL, foi encontrada em quantidades elevadas entre os praticantes de exercícios aeróbicos. Além disso, a perda de gordura corporal aumentar a ação da LPL. A hepatolipase (HL) é a enzima que remove o bom colesterol, o HDL, e o destrói. Os exercícios de resistência tendem a diminuir a quantidade de HL, ajudando a aumentar o nível de HDL. Porém, por causa da hereditariedade, nem todos conseguem a mesma resposta. A atividade física pode diminuir o colesterol total, diminuir o ruim e aumentar o bom. No mínimo, deve-se fazer uma caminhada acelerada, não vale 'passo de shopping', 3 a 4 vezes por semana com 40 a 60 minutos de duração. Porém, antes de começar qualquer atividade física, a pessoa deve passar pela avaliação do médico para que o mesmo indique o exercício mais adequado a seu biotipo.

Hipertensão arterial: doença comum e mal tratada

Estima-se que 40 milhões de brasileiros sofram de hipertensão. Desta população, metade não sabe que tem a doença, 25% sabem, mas não tratam e apenas 25% tratam adequadamente. O mais importante é que este problema, em geral, não tem sintomas. O primeiro sinal de sua existência pode ser um infarto, ou um acidente vascular cerebral.

A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para doenças decorrentes de aterosclerose e da trombose, que comprometem os sistemas cardíaco, cerebral, renal e vascular periférico. É responsável por cerca de 30% dos infartos e dos acidentes vasculares cerebrais, está na origem de doenças crônico-degenerativas, que comprometem a qualidade de vida das pessoas, e suas complicações são responsáveis por alta frequência de internações.

“O clínico geral tem papel fundamental na prevenção, diagnóstico e tratamento destas doenças. Primeiro porque cerca de 40% dos pacientes que chegam ao consultório do clínico, atualmente, apresentam estas doenças. Depois porque, em geral, é o primeiro e, muitas vezes, o único profissional a ser procurado pelo paciente”, destaca o dr. Abrão José Cury Jr.

O ideal é que a hipertensão seja tratada por uma equipe multiprofissional, porém a maioria dos serviços do país não oferece o atendimento completo. Diante disso, o papel do clínico se torna ainda mais importante e abrangente. Cabe a ele oferecer ao paciente, além do tratamento médico, orientação nutricional e de atividade física, bem como apoio psicológico, já que se sabe que a maioria dos pacientes abandona o tratamento.

O coração bate 60 a 80 vezes por minuto, durante a vida, e impulsiona de 5 a 6 litros de sangue por minuto para todo o corpo. A pressão arterial é a força com a qual o coração bombeia o sangue através dos vasos e é determinada pelo volume de sangue que sai do coração e a resistência que encontra para circular no corpo. Pode ser alterada pela variação do volume ou da espessura do sangue, pelos batimentos cardíacos e pela elasticidade dos vasos.

A hipertensão é caracterizada quando a pressão arterial está acima de 140 x 90 mmHg (milímetros de mercúrio) em adultos com mais de 18 anos, medida em repouso de quinze minutos, confirmada em três vezes consecutivas e em várias visitas médicas. Às vezes, a pressão pode subir como conseqüência de atividade física, estresse, drogas, alimentos, fumo, álcool e café. A pressão é considerada normal quando a pressão sistólica (máxima) não ultrapassa 130 e a diastólica (mínima) é inferior a 85 mmHg.

Colesterol: medidas simples para controlar este inimigo da saúde

O Dr. Abrão José Cury Jr. fala sobre este importante fator de risco para desenvolvimento de doenças do coração, a primeira causa de morte no Brasil.

A melhor maneira de controlar o colesterol - Manter hábitos saudáveis: dieta balanceada, rica em frutas, legumes e verduras; praticar atividade física, o que ajuda a aumentar o colesterol bom e a reduzir o ruim; não fumar porque o fumo reduz o colesterol bom; e pessoas com antecedentes familiares, ou seja, cujos parentes têm histórico de colesterol elevado, devem buscar orientação médica e controlar o nível de gordura no sangue o mais cedo possível, o que pode até ser na infância.

Perigo que o colesterol alto apresenta - O colesterol elevado, especialmente a fração ruim, LDL, está relacionado ao surgimento de doenças nas artérias e ao desenvolvimento de aterosclerose que, em geral, leva à obstrução das artérias e consequentemente a outros problemas graves, como Infarto do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral. O importante é lembrar que o entupimento das artérias pode ocorrer em qualquer parte do organismo e, portanto, pode comprometer a irrigação sanguínea de vários órgãos, como os rins.

Idade e colesterol - O aumento do colesterol não está relacionado à idade, mas sim aos hábitos de vida, como má alimentação, sedentarismo e tabagismo, e a aspectos genéticos. Hoje, sabe-se que muitas crianças têm colesterol elevado em função de maus hábitos, como alimentação à base de fast food e salgadinhos, e atividade física substituída por horas na frente do computador, ou da televisão. Quanto mais jovem a pessoa apresenta colesterol elevado, mais jovem desenvolve doenças nas artérias.

Alimentação de quem tem colesterol elevado - A alimentação deve ser rica em carnes brancas, frango e peixes, em especial, os de água fria, como bacalhau, truta e sardinha. Também deve ser rica em frutas, verduras e legumes. As frutas secas, como avelã e nozes, também são uma boa opção, mas é preciso tomar cuidado porque são calóricas. Estudos provam que os flavonóides contidos em vinhos de boa qualidade ajudam a reduzir o colesterol ruim, mas é preciso tomar cuidado com a quantidade consumida. A soja também tem mostrado bons resultados no aumento do bom colesterol e na redução do ruim. Pessoas com colesterol elevado devem evitar gordura saturada, encontrada em carnes vermelhas, nos embutidos, pele de aves, frutos do mar (camarão, lula, ostra, lagosta, polvo e marisco), gema de ovo, frios, leite integral e derivados, biscoitos amanteigados, folhados, sorvetes cremosos e chantilly. Nos casos comprovados de problema metabólico, além destes cuidados, é necessária a administração de medicamentos, que somente o médico pode receitar.

Bate-papo sobre saúde na terceira idade

No dia 18 de novembro de 2009, a Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Clínica Médica promoveu bate-papo sobre saúde na Terceira Idade, confira o resumo das conversas.


Prevenção da Doença de Alzheimer:
Atividade física, alimentação saudável, exercícios mentais e não fumar.

Memória:
Se a pessoa tem queixas relacionadas à memória, pode recorrer um neurologista ou geriatra para avaliar a falha de memória, que pode ser falta de atenção ou alguma doença.
O normal com a idade é ter uma lentificação do raciocínio, mas a capacidade de memória perdura até o fim da vida.
Algumas causas de perda de memória podem ser tratadas e são reversíveis, como alteração de tireóide, depressão e deficiência de vitaminas. Assim como tem causas irreversíveis, como Alzheimer, Doença de Lewi, doença cérebro vascular e outras.

Novidades no tratamento da artrose:
Medicamentos via oral que refazem o colágeno e alguns aparelhos de fisioterapia para fortalecimento muscular.

Distúrbios da tireóide são subestimados e podem matar

Os distúrbios da Tireoide - Câncer, Hipotireoidismo e Hipertireoidismo - são pouco valorizados por pacientes e médicos e, muitas vezes, seus sintomas são confundidos com os de outras doenças. Porém, quando não tratados, podem gerar problemas ainda mais graves e levar à morte.

Os sintomas do Hipertireoidismo podem ser alterações emocionais, como agitação, insônia, falta de apetite e emagrecimento. No idoso, pode provocar importante descompensação cardíaca, chegando à Insuficiência - último estágio das doenças do coração. O Hipotireoidismo leva ao enfraquecimento físico e mental, gerando lentidão de comportamento, sonolência e quadro depressivo. A redução do metabolismo pode levar ao coma e à morte.

A glândula Tireoide fica na região do pescoço, é responsável pelo equilíbrio do metabolismo humano e seus distúrbios podem surgir na infância. Em geral, não há como preveni-los e podem ser confundidos com outras doenças. Diante disso, o importante é passar periodicamente pela avaliação do médico.

O diagnóstico é simples. O médico deve pedir exames laboratoriais, apalpar a Tireóide para detectar alterações e confirmar qualquer suspeita com a ultra-sonografia. Nos exames, é necessário dosar o TSH, estimulante da Tireóide fabricado pela Hipófise, glândula que fica no cérebro, e o hormônio T4, produzido pela própria Tireóide.

O tratamento também é simples. No Hipotireoidismo, o paciente toma remédios que compensam a falta de hormônios. No Hipertireoidismo, toma medicamentos que bloqueiam a produção excessiva de hormônios e alguns casos podem ser tratados com cirurgia. No caso de câncer da Tireóide, o diagnóstico precoce permite que o tratamento tenha total sucesso.

Por: Dr. Abrão José Cury Jr., diretor da Regional da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, médico assistente da Universidade Federal de São Paulo e cardiologista do Hospital do Coração.