Com frequência, o clínico geral recebe em seu consultório pessoas com alterações físicas, como pés e mãos frios, distúrbios de concentração e raciocínio, dificuldades de memória, mudanças de comportamento, reações emocionais alteradas, como comover-se facilmente, desencadeadas pelo estresse. Se não tratado, o estresse pode levar à exacerbação desses sintomas e ao aparecimento de doenças cardiovasculares, gastrointestinais, respiratórias, dermatológicas, musculares, emocionais e outras.
Estima-se que 25% da população mundial experimentará, pelo menos uma vez na vida, uma crise de estresse. Só no Estado de São Paulo cerca de 18% da população sofre de algum distúrbio de ansiedade. No Japão, o Karoshi, termo utilizado para mortes por excesso de trabalho, acomete dez mil pessoas por ano.
O estresse é caracterizado por sintomas físicos e psicológicos relacionados à superação de desafios, que podem ser positivos, como promoção no trabalho, ou negativos, como iminente perda de emprego, e são percebidos como ameaças à integridade e à estabilidade do indivíduo.
Diante de um desafio, a pessoa fica em alerta - primeira fase -, pronto para fugir ou atacar, o que a desestabiliza. O estresse, em doses adequadas, é benéfico, pois motiva para novas realizações, ou afasta de investidas inúteis. Quando essa situação é vivida por período prolongado e sem resolução, torna-se patológico. A fase seguinte é a resistência, na qual as tensões se acumulam, a capacidade de adaptar-se a novas situações, suportar, superar pressões, ou frustrações diminuem, facilitando novas reações agudas, que levam a alterações físicas. Depois vem a exaustão. Há uma "quebra" no organismo e a energia adaptativa se esgota, levando ao aumento dos sintomas físicos e ao aparecimento de várias doenças. Nessa fase, é necessária a ajuda de profissional especializado.
Algumas características pessoais predispõe ao estresse, como ser exigente, não relaxar, ser inflexível, ter objetivos incertos, estar insatisfeito com o que é, ou faz, não admitir errar e precisar sempre de estímulos externos.
Para controlar o problema, a pessoa deve reconhecer que sofre de estresse, adotar um estilo de vida saudável, com boa alimentação, relaxamento, exercício físico e estabilidade emocional, e buscar ajuda especializada. O médico deve acompanhar o tratamento para cuidar das doenças associadas, dar orientação dietética e de atividade física. O acompanhamento psicológico é importante para aprender a identificar as fontes externas e internas de produção de estresse, promover a estabilidade emocional e habilitar a pessoa a lidar com as pressões do dia-a-dia.
Por: Dr. Abrão José Cury Jr., diretor da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, médico assistente da Universidade Federal de São Paulo e cardiologista do Hospital do Coração