Entre 1950 e 2025, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil, o número de pessoas com 60 anos ou mais deve aumentar 15 vezes, enquanto a população total cinco. O país ocupará o sexto lugar em idosos, alcançando, em 2025, cerca de 34 milhões de pessoas na terceira idade. Em 40 anos, o número de idosos quintuplicou, passando de 3 milhões, em 1960, para 14 milhões, em 2000, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 1900, a expectativa de vida era de 33 anos. Nos anos 40, de 39 anos, nos 50, aumentou para 43 anos e, nos 60, era de 55. De 1960 para 1980, essa expectativa ampliou-se para 63 anos, foram acrescidos vinte anos em três décadas, segundo o IBGE. Em 2020, deve ser de 73 anos e as projeções, para 2025, permitem supor que a expectativa média de vida do brasileiro estará próxima dos 80 anos.
Essa mudança se deve a melhoria na qualidade de vida, melhores condições sanitárias, alimentares, ambientais e avanços na infra-estrutura básica. Também se deve a conquistas da Medicina, como assepsia, vacinas, antibióticos, quimioterápicos e exames, que permitem prevenir ou curar doenças, antes fatais. Esse conjunto de medidas provocou queda da mortalidade infantil e aumento da expectativa de vida.
Os idosos são mais vítimas de derrames cerebrais e infartos. São mais vulneráveis a doenças crônico-degenerativas, como as cardiovasculares, que são de maior mortalidade e morbidade, em especial, as coronarianas, responsáveis por 70% dos óbitos. As doenças mais comuns, que levam a óbito, são as respiratórias, endócrinas, do aparelho digestivo, infecciosas e tumores.
Estudos populacionais mostram que 85% dos idosos apresentam pelo menos uma doença crônica e que 10% possui, no mínimo, cinco. “A falta de divulgação do conhecimento médico geriátrico junto aos profissionais de saúde tem contribuído decisivamente para criar dificuldades na abordagem do paciente idoso”, afirma o Dr. Abrão José Cury Jr., diretor da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.
Por exemplo, a maioria das hospitalizações por tétano ocorre em pessoas acima dos 60 anos. Essa população deve fazer doses de reforço da vacina antitetânica a cada dez anos, tendo em vista sua comprovada efetividade, quase 100%.
Pneumonias estão entre as patologias infecciosas que mais trazem riscos à saúde dos idosos, com altas taxas de internação e morte, porque pioram quadros de insuficiência cardíaca, desencadeiam edema agudo de pulmão e são fontes de deterioração nos quadros de doenças pulmonares. A vacina antipneumocócica deve ser administrada em dose única nos indivíduos idosos.
Embora considerada trivial, a gripe, no idoso, pode ter conseqüências graves, levar a pneumonias, ou à quebra do equilíbrio físico. A vacina contra a gripe deve ser aplicada, pelo menos, duas semanas antes do início do inverno ou do período de chuvas em regiões tropicais.
O envelhecimento saudável preserva a capacidade funcional, a autonomia e a qualidade de vida, superando o simples diagnóstico e tratamento de doenças. O atendimento médico deve valorizar a autonomia e preservar a independência física e mental da pessoa na Terceira Idade. As doenças físicas e mentais podem levar à dependência e, conseqüentemente, à perda da capacidade funcional.
Estudos populacionais revelam que 40% dos indivíduos com 65 anos ou mais precisam de ajuda para realizar, pelo menos, uma tarefa, como compras, cuidar das finanças, preparar refeições e limpar a casa. Cerca de 10% requerem auxílio para tarefas básicas, como banho, vestir-se, ir ao banheiro, alimentar-se e, até, sentar e levantar de cadeiras e camas. É imprescindível que, nos cuidados aos idosos, as famílias estejam devidamente orientadas em relação aos cuidados necessários.
O médico deve diagnosticar hipotireoidismo, rastrear problemas de audição e visão, tomar cuidado com quedas, alterações do humor, prevenir perdas dentárias e outras doenças da boca, deficiências nutricionais, deve avaliar as capacidades e habilidades funcionais da casado idoso para prevenir perda de independência e autonomia, e ainda evitar o isolamento social.
O médico também deve buscar problemas de elevada prevalência, que não são comumente diagnosticados, como doença de Parkinson, hipotensão ortostática, incontinência urinária, demências, depressões, glaucoma e catarata. Ao mesmo tempo, cabe ao médico evitar excessos na prescrição e uso de medicamentos.
Idosos com graves problemas, sem possibilidade de recuperação ou com recuperação prolongada, podem demandar internação hospitalar de longa permanência, mas deve-se tentar a reabilitação antes e durante a hospitalização, evitando que as enfermarias sejam apenas acomodações, aumentando o sofrimento e o custo.
Entre as alternativas à internação prolongada está a assistência domiciliar, que é menos onerosa. O atendimento ao idoso enfermo, residente em instituições, tem as mesmas características da assistência domiciliar. Finalmente, na relação com o idoso deve-se observar a possibilidade de maus-tratos por parte da família, do cuidador ou mesmo dos profissionais da saúde.