A poluição do ar na cidade de São Paulo está relacionada ao aumento no atendimento de crises hipertensivas em unidades de emergência, ou seja, a maior concentração de poluentes atmosféricos, especialmente liberados pelos automóveis, pode afetar e elevar de forma significativa a pressão arterial das pessoas, principalmente as mais susceptíveis e as com mais de 60 anos de idade.
Esta é a principal conclusão da tese Efeitos da Poluição Atmosférica na Freqüência de Atendimentos por Hipertensão Arterial em Unidade de Emergência na Cidade de São Paulo, desenvolvida pelo Dr. Abrão José Cury Jr., diretor da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, médico assistente da Universidade Federal de São Paulo e cardiologista do Hospital do Coração.
O estudo foi realizado entre fevereiro de 2001 e dezembro de 2003, envolvendo 16.573 pacientes, sendo 11.070 mulheres e 5.503 homens, atendidos no pronto-socorro do Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo com crise hipertensiva. Os dados sobre o atendimento foram comparados às informações sobre a poluição ambiental fornecidas pela Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (CETESB).
O clínico geral e cardiologista Abrão José Cury Jr explica que o estudo mostra que o aumento da concentração de Óxido de Nitrogênio, de Monóxido de Carbono e de Dióxido de Enxofre no ar, partículas liberadas principalmente pelos carros, afeta significativamente as pessoas, em especial as que têm alguma doença, e os idosos, podendo levar ao aumento da pressão arterial e à crise hipertensiva, importante fator de complicações médicas.
É importante destacar que a hipertensão arterial, ou pressão alta como é conhecida, é o principal fator de risco para as doenças cardiovasculares, como Infarto do Miocárdio, Acidente Vascular Cerebral e Miocardiopatia Congestiva, está diretamente ligada a hemorragias e embolias cerebrais e compromete vários órgãos em função das lesões que se instalam no sistema arterial.
“Essas doenças somadas são a principal causa de morte no Brasil. Também se deve destacar que, em alguns casos, a hipertensão é subestimada como causa de óbito. O melhor exemplo é considerar a hemorragia cerebral como causa de morte. Em geral, a hipertensão desencadeia a hemorragia”, finaliza o Dr. Abrão José Cury Jr.